TESTE DE PORTUGUÊS
Interpretação de texto Engano, Alexandre Azevedo.
Texto Engano
Toca o telefone:
- Alô?
- Alô, a RÊ taí?
- É ela, quem tá falando?
- Oi, RÊ, aqui é o FÊ.
- Oi FÊ, comé que cê tá?
- Tô bem. Eu queria vê se cê sabe por onde
anda a TÊ.
- Sei sim. Ontem mesmo eu a encontrei na festa
do PÊ.
- PÊ? Que PÊ?
- O mano do GÊ, aquele que é chegado na RÔ,
lembra?
- Mas o PÊ não morreu?
- Esse PÊ não. Quem morreu foi o PÊ da
LU.
- Ah, é mesmo. E por falar nisso, como é que
tá a LU?
- A LU sofreu muito, mas agora tá boa, até já
arranjou outro namorado, o GU. Cê manja?
- GU..., GU... Ah! Agora me lembro, é o
cunhado da DÊ, aquela que faz medicina né?
- Não, não. Esse é o JU, marido da ZÊ, se
formou no ano passado em comunicação.
- Puxa! O JU conseguiu se formar? Como?
- Lembra da SÔ, aquela (...) cê-dê-efe?
- Só.
- Então, ela passava cola prá ele na hora da
prova.
- Mas, vamos falar sobre a TÊ, tá? Se cê
encontrar com ela de novo, diz pra ela ligar pra mim, ok?
- Ué, cê não tem telefone aí na
república.
- Mas eu nunca morei em república, eu tô no
apê da VI.
- Pô, FÊ! Então cê mentiu prá gente.
- Cê deve tá enganada, eu nunca falei que
morava em república.
- O quê? Cê tá me chamando de mentirosa? Pois
fique sabendo que cê que é mentiroso.
- Pô, vê se não enche, Renata!
- Renata? Mas aqui quem tá falando é a
REGINA.
- Regina? Então foi engano, me desculpe.
- Mas então quem é você?
- Fernando.
- Fernando? Cê me desculpa também, pensei que
fosse o FERREIRA.
Alexandre Azevedo (1965-)
1. Os personagens citam os nomes de seus possíveis conhecidos de forma
abreviada: TÊ, PÉ, GÊ, RÓ, LU, GU, DÊ, JU, zÊ, SÔ, Vl. Para você,
geralmente com que intenção as pessoas costumam abreviar os nomes
de conhecidos em suas conversas?
2. RÊ e FÊ conversaram por um bom tempo. O que permitiu que isso acontecesse?
3. O título "Engano" refere-se a um fato ocorrido no texto. Que fato
é esse?
4. Que outro título seria adequado a esse texto?
5. O texto " Engano" é construído
por meio de uma conversa entre duas pessoas, via telefone fixo.
a) Quem são essas pessoas?
b) Que trecho
do texto sugere que a conversa ocorreu por meio de uma ligação para um telefone
fixo? Explique.
c ) Aparentemente, em que fase da vida você acha que essas pessoas estão?
Assinale-a.
( ) infância (
) adolescência
( ) adulta
• d) Que elementos do texto permitiram que você chegasse a essa conclusão?
6. A primeira
frase do texto indica como ocorreu o início da comunicação entre os
personagens. Identifique-a e diga quem você acha que a pronunciou: alguém que
participa ou não da história?
7. No
decorrer da conversa, há alguns diálogos que indicam se tratar de um engano.
Sublinhe no texto um desses diálogos.
8. Apesar de
ser escrito, o texto "Engano" traz marcas da oralidade, ou seja, uma
linguagem próxima da que falamos em nosso dia a dia. Identifique no texto
algumas dessas marcas e escreva-as a seguir.
9. No texto, muitas palavras aparecem de forma reduzida. Retire do texto cinco
exemplos e escreva-os sem redução.
10. Você costuma utilizar as palavras na forma reduzida? Escreva outros exemplos.
11. Por que
as pessoas costumam utilizar as palavras de maneira reduzida?
12. Na
conversa entre RÊ e FÊ, foi empregado um sinal de pontuação para indicar a fala
de cada um desses personagens. De que sinal se trata?
Leia o texto seguinte antes de responder às questões:
Quinze anos.
Imaginava eu que nessa idade as meninas morenas e loiras sonham sempre com longas festas, onde sempre aparece um cara que, além de tocar uma baita bateria, consegue um equipamento de luz negra, e tem um conjunto que faz um som da pesada, ou então chega com duas caixas e um amplificador, e tudo fica muito louco até o momento solene da valsa, com as meninas portando velas acesas e os rapazes com flores, enfim, a zorra dos quinze anos que os pais curtem com tremor dentro do peito, isso quando não se cotizam para o grande baile das debutantes, rigorosamente lindas, apresentadas geralmente por um compenetrado colunista social ou por um artista que, como anunciamos ao distinto público, acedeu ao convite da cidade, mesmo tendo de abandonar compromissos profissionais já assumidos, como a filmagem dos vinte últimos capítulos da novela em que é personagem principal.
Quinze anos.
Onde terei errado na minha função de pai?
Pois a menina de quinze anos, que carreguei no colo e que admirei através do vidro da maternidade na noite de novembro em que a lâmpada cor-de-rosa se acendeu, recusa com um sorriso provocador qualquer coisa que lembre essa festa de aniversário, e apenas me deposita um beijo na minha testa, como se esse gesto bastasse para ela provar que acaba de completar quinze anos.
Não sei onde foi buscar esse despojamento e essa indiferença pela vaidade frágil que dura o tempo do spray no ar. Chego a me atemorizar. Penso que, por desleixo ou falta de prática, falhei nalgum ponto – e criei a filha de um operário, de um ferroviário, de um lutador de boxe que perdeu por pontos, de um balconista das Casas Pernambucanas, de um lanterninha de cinema, ou – para pensar o pior – criei a filha de um mero cronista da Cidade.
Que Deus me perdoe se falhei. E que Deus me abençoe se minha filha de quinze anos pensa exatamente como deve pensar uma garota morena de quinze anos, sem os cacoetes e sem os falsetes que nós, os adultos, gostamos de emprestar a essa idade própria das decisões pessoais, quando se aprende a usar o dom – hoje raro e falsificado – chamado: a liberdade de ser.
DIAFÉRIA, Lourenço. In: NOVAES, C. E. et alii. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1981. (Vol. 7 - Crônicas)
1. A propósito da expressão “como anunciamos ao distinto público”, inserida no segundo parágrafo, considere as afirmativas abaixo e indique o que é verdadeiro (V) e o que é falso (F).
( ) Ela confirma a originalidade estilística do autor.
( ) Por sua padronização, ela critica o convencionalismo de certos eventos sociais.
( ) Ela reflete o prestígio de uma cerimônia em que a essência vale mais do que a aparência.
A alternativa correspondente à sequência correta é:
a) VVF b)VFF
c) FVF d)VFV e)FVV
2. NÃO se verifica o registro coloquial da linguagem em:
a) “... longas festas, onde sempre aparece um cara...”.
b) “... além de tocar uma baita bateria, consegue um equipamento de luz negra...”.
c) “... e tem um conjunto que faz um som da pesada...”.
d) “... e tudo fica muito louco até o momento solene da valsa...”.
e) “... quando não se cotizam para o grande baile das debutantes...”.
3. O despojamento e a indiferença da menina
a) explicam-se por sua humildade social.
b) atemorizam sinceramente o seu pai.
c) confirmam as falhas na sua educação.
d) constituem sinais de liberdade interior.
e) atestam-lhe o desajuste psicológico.
4. Sobre o pai-cronista, afirma-se que ele
I. curtia com tremor a zorra dos quinze anos.
II. enganou-se ao generalizar sua impressão sobre os quinze anos.
III. está correto ao reconhecer seu desleixo e falta de prática.
Das afirmações acima, está(ão) correta(s)
a) apenas I. b)apenas II. c)apenas III.
d)I e III. e)II e III.
5. No trecho: “ ... e tudo fica muito louco até o momento solene da valsa...”, o melhor sinônimo para o termo sublinhado é:
a)religioso. b) confuso.
c)despojado. d) pomposo.
e)sombrio.
Leia o texto e responda o que se pede
CURIOSIDADE
Aqui você será apresentado a Sherlock Holmes, um dos mais conhecidos detetives de todos os tempos, mesmo tendo vivido suas aventuras apenas na ficção.
O famoso detetive Sherlock Holmes, embora de tão familiar pareça pertencer ao mundo real, é na verdade um personagem fictício gerado pela mente do médico e escritor britânico Sir Arthur Conan Doyle. Ele nasceu no interior da trama do livro Um Estudo em Vermelho, lançado de forma inédita pela revista Beeton's Christmas Annual, em 1887. Este personagem singular conquistou o coração de leitores do mundo todo, independente de idade ou nacionalidade. Seus leitores se encantaram com sua personalidade enigmática e altiva desde o início. Talvez por isso ele tenha se transformado na criação literária mais adaptada para o cinema, a televisão, os quadrinhos, e também a mais pesquisada e investigada por inúmeros estudiosos.
Você lerá um conto de enigma! Fique atento aos detalhes! Eles o ajudarão a descobrir a solução do mistério...
O incrível enigma do galinheiro
Isso aconteceu numa época em que o grande detetive Sherlock Holmes estava aposentado e um tanto esquecido. Em Londres, onde morava, ninguém mais o chamava para elucidar mistérios. Conformava-se,dizen do: não se fazem mais bandidos como antigamente. Meu tio Clarimundo, leitor das aventuras de Sherlock, foi quem decidiu contratá-lo. Mas que não trouxesse seu secretário Dr. Watson, que só servia para ouvir no final de cada caso a mesma frase:
“Elementar, Watson”.
– Mas se trata dum caso tão insignificante – protestou mamãe.
– Insignificante? Esse enigma está nos pondo malucos.
Alguém andava assaltando nosso galinheiro. A cada dia sumia uma galinha. Quem faria isso, estando a casa cercada por paredes de imensos edifícios? Não havia muro para saltar. Nem grades para pular. E na casa só morávamos eu, meus pais, tio Clarimundo e Noca, a velha empregada. Um enigma muito enigmático, sim.
Sherlock Holmes chegou e hospedou-se no quarto dos fundos. Ele, seu boné xadrez, seu cachimbo, lógico, e mais logicamente sua lupa, que aumentava tudo. Chegou anunciando:
– Chamarei esta aventura “O caso das galinhas desaparecidas”. Ou ficaria melhor “O incrível enigma do galinheiro”?
– Ambos são bons, mas...
– Na maior parte das vezes o culpado é o mordomo – informou Sherlock. – Onde está o suspeito?
– Não temos mordomo – lamentou tio Clarimundo.
– Então me levem à cena do crime.
Levamos Sherlock ao quintal, pequeno e espremido entre os prédios. Ele tirou a lupa do bolso. Um palito ou folha de árvore, examinava concentradamente. Depois, tomava notas num caderno. Mas, como a viagem o cansara, foi dormir cedo. Na manhã seguinte minha mãe acordou-o com uma informação:
– Sumiu outra galinha.
– Esta noite dormirei no galinheiro.
E dormiu mesmo, sentado numa poltrona. Desta vez eu que o acordei.
– Mister Holmes, roubaram mais uma galinha.
A notícia fez com que se decidisse:
– A história se chamará mesmo “O incrível enigma do galinheiro”.
– Não estamos preocupados com títulos – rebateu meu tio.
– Mas meu editor está.
Neste dia consegui ler o caderno de anotações do detetive. Li: nada, nada, nada. Um nada em cada página. Organizado, não? Também nesse dia Sherlock telefonou a Londres para trocar impressões com o fiel Dr. Watson. Uma fortuninha em chamados internacionais.
E as galinhas continuavam desaparecendo, apesar de Sherlock Holmes dormir no galinheiro. Ele já andava falando sozinho.
– Nem sinal de gato, cachorro, raposa, gambá. Todo o meu prestígio está em jogo.
Por fim, restou apenas uma galinha.
À hora do almoço o famoso detetive, sentindo-se velho e fracassado, sofreu uma crise, chorando na frente de todos. Nós nos comovemos muito com a situação. Um homem daqueles derramar lágrimas... Noca, então, deu um passo à frente e confessou:
– Eu que roubava as galinhas. Dava às famílias pobres duma favela.
Sherlock enxugou imediatamente as lágrimas na manga do paletó.
– Já sabia. Fingi chorar para que ela confessasse.
– Então desconfiava de Noca? – perguntou tio Clarimundo.
– Encontrei penas de galinha no quarto dela. Elementar, Clarimundo. E o que dizem de comermos a penosa que resta no galinheiro?
Não sei se foi escrito “O incrível enigma do galinheiro”. Se foi, pobres leitores. Na verdade eu que roubava as galinhas para dar aos favelados. Inclusive quando o detetive dormia no galinheiro. Noca sabia disso e assumiu a culpa em meu lugar.
Elementar, Mister Sherlock Holmes.
(Marcos Rey, Em Vice-Versa ao Contrário. Org. Heloísa Prieto. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1993.)
1. O narrador desse texto é:
Releia este trecho do texto:
– Mas se trata dum caso tão insignificante – protestou mamãe.
– Insignificante? Esse enigma está nos pondo malucos.
2. A que caso eles se referem?